A utilização de animais como ferramentas terapêuticas existe desde o século XVII, e de acordo com a International Association of Human-Animal Interaction Organizations (IAHAIO), organização essa que analisa a interação entre humanos e animais, as Intervenções Assistidas por Animais (IAA) podem englobar Atividades, Educação e Terapia Assistida por Animais (TAA).
As terapias assistidas por animais (TAA) se diferem no tipo de animal que é utilizado nas intervenções, indo desde animais de pequeno porte, como cachorros, gatos, peixes, a animais de grande porte, como na maioria dos casos, o cavalo.
Na revisão sistemática feita por Mandrá et al. (2019), os autores identificaram que a maioria dos estudos de Terapia Assistida por Animais utilizaram cachorros e cavalos. Os achados desse estudo também identificaram que a TAA pode ser utilizada para diferentes objetivos, como intervenções em aspectos físicos, cognitivos, da comunicação e emocionais para diferentes populações. No geral, o estudo mostrou que a TAA pode proporcionar eficiência terapêutica, pois o envolvimento com animais traz benefícios biopsicossociais em todas as faixas etárias, estendendo-se, inclusive, ao longo da vida dos pacientes.
Mas voltando a pergunta que leva o titulo desse artigo, por que o cavalo? O uso do cavalo em Terapias Assistidas por Animais é bastante frequente, como é o caso da equoterapia e da hipoterapia. Segundo Squilasse e Junior (2018, p. 33), os cavalos são símbolo de força e altivez, tendo contribuído com o homem de forma exemplar nos últimos milênios.
A equoterapia considera que com os movimentos do animal, os músculos do corpo do indivíduo que o está montando são estimulados, e há uma melhora da sua coordenação motora e equilíbrio. É um método terapêutico de reabilitação
com validação científica, que traz benefícios motores, emocionais, cognitivos e sociais, proporcionando assim, uma melhor qualidade de vida. O cavalo, além de ser um instrumento de trabalho, também é um agente que motiva o praticante, uma vez que a terapia é realizada em ambientes externos que propiciam a sua socialização.
Os movimentos tridimensionais que o cavalo gera em seu andar é usado como agente terapêutico no processo de mudanças físicas, cognitiva, emocional e social em intervenções que utilizam esse animal. O efeito do movimento tridimensional do dorso do cavalo aliado aos multidirecionais determinam um dinamismo, produzida pelo movimento do cavalo e o ritmo de seu passo, que tornam o cavalo um instrumento cinesioterapêutico.
Para além disso, na relação terapêutica assistida por equinos, o cavalo cria um espaço aberto de comunicação com o paciente, a nível externo (corporal) e interno (emocional), facilitando a superação de conflitos e as tomadas de consciência sobre as formas de ser e estar do paciente.
No estudo de Mandrá et al. (2019), o cavalo foi usado em grande parte em intervenções com crianças com diagnostico de Transtorno do Espectro do Autista (TEA), mostrando também efeitos positivos sobre a habilidades comunicativas, medidas de irritabilidade e hiperatividade, interação social, funcionamento executivo e processamento sensorial e de Paralisia Cerebral na
população infantil e como estratégia para a reabilitação física. Do mesmo modo, mostrou benefícios nas funções, atividades e percepção corporal e mudanças significativas na espasticidade dos adutores de quadril. Percebe-se que o uso do cavalo como ferramenta nas intervenções assistidas por animais vem promovendo grandes benefícios para os usuários desses serviços, englobando mudanças em todos os aspectos do indivíduo. O uso do cavalo como ferramenta terapêutica em intervenções está atrelado ao objetivo principal do Haras Liderança – fornecer um serviço de eficácia e qualidade, promovendo o desenvolvimento biopsicossocial dos seus usuários.
Para Robson, criador deste Haras, “diante do cavalo tiramos as máscaras e somos todos iguais, pois ele só aceitará uma comunicação que venha da nossa verdadeira essência”.
Para saber mais:
MANDRÁ, Patrícia Pupin et al. Terapia assistida por animais: revisão sistemática da literatura. In: CoDAS. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2019.
SQUILASSE, Aline Fernanda; JUNIOR, Fernando Tadeu Squilasse. Intervenções assistidas por animais: Considerações gerais. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 16, n. 2, p. 30-35, 2018.
